A
Conferência de Santo Domingo (1992) deu este passo ao afirmar que a “nova
evangelização exige a conversão pastoral. Tal conversão deve ser coerente com o
Concílio. Tudo cabe a todos: na consciência e na prática pessoal e comunitária,
nas relações de igualdade e de autoridade; com estruturas e ações que tornem a
Igreja presente com cada vez mais clareza, enquanto sinal eficaz, sacramento de
salvação universal” (30).
A Conferência
de Aparecida veio acrescentar algo importante no caminho da Igreja latino-americana
a respeito da questão da “conversão pastoral”. Insiste que a Igreja deve passar
por profunda e intensa conversão pastoral para poder responder aos enormes
desafios de sua vida e missão neste terceiro milênio: um Pentecostes, uma
verdadeira eclesiologia de comunhão com enormes implicações pastorais. É uma proposta e um programa de pastoral
principalmente na revitalização das paróquias.
“Os
bispos, sacerdotes, diáconos permanentes, consagrados e consagradas, leigos e
leigas, são chamados a assumir uma atitude de permanente conversão pastoral,
que envolve escutar com atenção e discernir o que o Espírito está dizendo às
Igrejas (DAp 229), através dos sinais dos tempos, nos quais Deus se manifesta”
(DAp 380)
“A conversão
dos pastores nos leva também a viver e promover uma espiritualidade de comunhão
e participação, propondo-a como princípio educativo em todos os lugares onde se
forma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, as pessoas
consagradas e os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as
comunidades (NMI, 43) (DAp 382).
No entanto, ao
falar de “conversão pastoral” o documento de Aparecida abre horizontes com os
seguintes paradigmas:
a)
É preciso “assumir atitude de permanente conversão
pastoral” (DAp 366), isto é, “abandonar as ultrapassadas estruturas que já não
favoreçam a transmissão da fé” (DAp 365) e realizar “reformas espirituais,
pastorais e também institucionais”( DAp, 367);
b)
“A conversão pastoral requer que as comunidades
eclesiais sejam comunidades de discípulos missionários ao redor de Jesus
Cristo, Mestre e Pastor” ( DAp, 368);
c)
“A conversão pastoral de nossas comunidades exige que
se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente
missionária” (DAp, 370);
d)
A conversão pastoral “deve ser resposta consciente e
eficaz para atender às exigências do mundo de hoje com ‘indicações
programáticas concretas, objetivos e métodos de trabalho, formação e
valorização dos agentes e a procura dos meios necessários que permitam que o
anúncio de Cristo chegue às pessoas, modele as comunidades e incida
profundamente na sociedade e na cultura mediante o testemunho dos valores
evangélicos’” (DAp, 371).
Finalmente, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no
Brasil 2011-2015 vêm nos ensinar que para a
operacionalização das mesmas exige-se um
processo de planejamento (cf. DGAE 2011-2015, 121-122) e este processo para uma
nova evangelização exige conversão pastoral. Mais uma novidade das Diretrizes
de 2011 – 2015!
Segundo as
Diretrizes, nn.126-138, o Planejamento Pastoral exige trabalho,
dedicação e responsabilidade. É um trabalho responsável, pensado e comprometido
que leva em consideração a Igreja e sua
missão. É organizado, isto é, determina bem o que precisa ser feito, o modo de fazê-lo
e as responsabilidades de cada um, dentro de
uma distribuição adequada do trabalho (Onde estamos? Onde precisamos estar? Quais nossas urgências pastorais? O que queremos
alcançar? O que vamos fazer e a renovação das estruturas).
Entre a cidade de ontem e o urbano contemporâneo precisamos ajudar os fiéis a
olharem para dentro de nossas paróquias e ajudar os presbíteros
a olharem para fora. Este contraste é impressionante, pois como dizia Sêneca:
“não adianta o vento favorável se o barco desconhece o porto do destino”.
A paróquia, lugar da visibilização da
Igreja, não pode ser indiferente ao mundo em mudança. Faz-se
necessário uma gestão paroquial para repensar, organizar, comandar, coordenar,
controlar os paradigmas da estrutura eclesial a fim de que respondam significativamente
aos apelos atuais.
As paróquias só conseguirão responder a
essa condição urbana à medida que criarem grupos de interesse que despertem nas
pessoas a necessidade e a motivação para se
reunirem. Assim, necessitamos de paróquias com planejamentos participativos,
segundo o plano de Deus.
O planejamento paroquial, à luz das Diretrizes, deve
ressaltar os objetivos (fatores vitais para obter êxito do trabalho de acordo
com o magistério ordinário e extraordinário), metas (saber o que se quer alcançar e o impacto positivo sobre as ações) e estratégias
(meios, táticas, detalhes e planos que permitam
alcançar os objetivos).
As nossas cidades necessitam de
paróquias com bons planejamentos que permitam expressar a unidade da presença
da Igreja com serviços ágeis que facilitem a ação evangelizadora.
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